No Mundo empresarial muitas relações são baseadas nas expectativas das partes. Porém se as partes não tiverem um alinhamento real sobre as possibilidades de entrega, aquilo que se considerava uma esperança poderá se transformar em algo caótico, duro, difícil de se desvencilhar.  Não falo isto pelas experiências de outros. Relato isto, pois por muito tempo carreguei comigo um pensamento e uma atitude sofista, com total confiança na minha própria capacidade de execução, na esperança de tornar tudo exeqüível por minhas próprias mãos. Não acho ruim autoconfiança. Acredito ser uma característica importante no mundo dos negócios. Porém, não podemos confundir com arrogância e prepotência. Esta atitude por muitas vezes faz mal às relações e principalmente para o próprio indivíduo que a elas se submete. Ninguém consegue nada sozinho, principalmente nos negócios. Em minha visão, tão necessário quanto conseguir parcerias que o encham de esperança, o ideal é buscar saber se o que esperas realmente será entregue na relação, assim como se comprometer de fato a entregar o que prometeste. 

Uma coisa que funcionou comigo é tentar simplificar as expectativas palpáveis de um negócio. Assim decidi desenvolver um método para mitigar efeitos de possíveis parcerias mal sucedidas. O primeiro grande passo é gastar um tempo planejando a concepção da parceria. No entusiasmo habitual de um empreendedor, o mais importante é estar com o contrato fechado. A célebre frase do feito é melhor que perfeito não serve aqui. Sugiro iniciar definindo as premissas individuais que são alicerces importantes para as partes. Elas dirão muito sobre a forma de fazer negócios e a cultura dos evolvidos. Este exercício deve ser feito em separado, pois ele dirá se valores são próximos ou realmente são um trade-off incontestável. A comparação entre as premissas individuais poderá levar a três cenários distintos. Se este cenário for de completa sinergia, siga para o próximo passo. Se as premissas forem completamente diferentes, esqueça, não vai funcionar. Agora, se há a possibilidade de ajustar as premissas criando algo comum, entendo que podes seguir, porém se o esforço de alinhamento for grande, tendo a dizer que é melhor eliminar o desgaste futuro na tentativa de parceria.

Já na segunda etapa do processo, sugiro criar uma restrição de três, e apenas três, expectativas por parte. Melhor se estas expectativas vierem metrificadas, evidenciadas. Isto ajudará na estruturação daquilo que é o mais importante. Usa-se o PARETO para isto. Quais são as três expectativas que tenho que respondem por 80% de meus desejos nesta parceria? Além disto, sugiro que as partes respondam a seguinte pergunta: Quais são as três coisas que NÃO podem ocorrer de jeito nenhum entre as partes? 

Por fim, na terceira etapa, sugiro separar as chamadas “PROMESSAS” tentando definir indicadores e metas que sejam factíveis de mensuração. Ou seja, se eu me comprometo a assumir o Marketing de uma operação, preciso dizer o quanto investirei ou que estrutura vou colocar. Aqui não é necessário chegar ao operacional, mas sim evidenciar o esforço. 

Ao final desta etapa, teremos o QUADRO – PREMISSAS, EXPECTATIVAS e PROMESSAS. É quase que um acordo holístico de parceria, algo que pode ser fundamental para que os advogados das partes façam documentos recheados de cláusulas com nomes rebuscados que são extremamente importantes para a regulação de negócios. É obvio que o que escrevi aqui não garante nada o resultado esperado de um negócio, porém gera consciência permanente sobre as expectativas na linha base (baseline), do processo fazendo que vocês possam revisar durante a caminhada, sem tornar estas expectativas a “mãe da merda”.