A palavra inovação vem nos últimos anos mudando seu significado. Não ao que diz respeito àquilo que é apontado no dicionário, mas sim no contexto do dia-a-dia de empresas e pessoas. Se tornou algo padrão, conhecido, estudado e necessário. Não adianta, é fundamental para empresas que desejam se manter competitivas e relevantes. Contudo, inovar não é apenas uma questão de implementar novas tecnologias; trata-se de adotar uma abordagem holística que equilibre eficiência operacional com o novo, mudando a mentalidade organizacional sem perder a disciplina de execução. Nesse contexto, o conceito de inovação ambidestra tem ganhado espaço. Ele se refere à capacidade de uma empresa de operar em dois modos complementares: a exploração de novas oportunidades e tecnologias disruptivas, ao mesmo tempo em que mantém e aprimora a eficiência do core business. Esse equilíbrio é essencial para que a transformação digital alcance todos os níveis da organização.
Não é uma tarefa simples. Primeiro vem à visão da necessidade, segundo o capital para ser empregado nesta direção. Este posicionamento é muito facilitado em empresas grandes e saudáveis financeiramente. Adotar uma ambidestria em empresas de médio e pequeno porte é uma tarefa que exige muita criatividade, gestão fina e dedicação.
No Brasil, empresas têm mostrado que é possível implementar essa abordagem de forma bem-sucedida. A grande Ifood, por exemplo, começou otimizando seus processos de logística e entrega, mas ao mesmo tempo investiu em iniciativas como robôs autônomos e drones para expandir a experiência do consumidor. Outro exemplo é a Localiza, que integrou a automação em sua gestão de frotas, ao mesmo tempo em que investiu em parcerias estratégicas para promover inovações no modelo de mobilidade urbana.
Para que a inovação ambidestra seja eficaz, é crucial contar com lideranças que inspirem suas equipes e promovam uma cultura de colaboração e aprendizado contínuo. Líderes eficazes são aqueles que mostram vulnerabilidade, aprendem com erros e incentivam a experimentação. Eles também priorizam a capacitação de suas equipes, não apenas em competências técnicas, mas também em habilidades interpessoais, fomentando um ambiente de confiança. Por outro lado, os colaboradores precisam adotar uma postura proativa e colaborativa, participando ativamente do processo de transformação. Departamentos devem trabalhar em conjunto, dissolvendo silos que limitam o fluxo de ideias e o alcance das iniciativas.
Um dos desafios para implementar a inovação ambidestra é a mudança cultural necessária para sustentar novas práticas. Muitas empresas têm utilizado metodologias como Design Thinking, Lean Startup e OKRs para acelerar essa transformação. Enquanto o Design Thinking ajuda a identificar problemas reais e criar soluções centradas no usuário, a abordagem Lean permite testar ideias rapidamente e aprender com os resultados. Os OKRs, por sua vez, são fundamentais para alinhar equipes multidisciplinares a objetivos estratégicos, garantindo foco e mensurabilidade.
No entanto, a inovação não prospera em ambientes tóxicos ou indiferentes ao bem-estar dos colaboradores. Empresas que colocam a felicidade organizacional no centro de sua cultura têm maiores chances de sucesso. Isso passa por oferecer flexibilidade no trabalho, criar programas de desenvolvimento pessoal e promover uma cultura de reconhecimento. A Zenvia, empresa de tecnologia brasileira, é um bom exemplo. Ao implementar uma política de trabalho remoto híbrido e programas voltados à saúde mental, conseguiu aumentar tanto a produtividade quanto o engajamento de suas equipes. Já a Neogrid, que atua na área de soluções para a cadeia de suprimentos, vem investindo em uma cultura organizacional que combina tecnologia de ponta com iniciativas voltadas ao bem-estar, como trilhas de desenvolvimento profissional alinhadas aos objetivos pessoais dos colaboradores.
Os resultados da inovação ambidestra e de uma cultura de bem-estar podem ser medidos por meio de indicadores como o Net Promoter Score (NPS) dos colaboradores, que mede o engajamento interno, ou o ROI das iniciativas de transformação digital, que avalia o impacto financeiro das inovações. Empresas que adotam essa abordagem conseguem equilibrar a entrega de resultados no presente com a construção de um futuro sustentável, demonstrando que a inovação não é apenas uma questão tecnológica, mas uma escolha estratégica e cultural.
Adotar a inovação ambidestra é mais do que implementar tecnologias ou processos; é uma jornada que envolve mudar mentalidades, alinhar equipes e criar um ambiente que valorize tanto a disrupção quanto a estabilidade. Empresas brasileiras de porte intermediário já mostram que isso é possível, ao promoverem transformações digitais bem-sucedidas, sempre com foco na felicidade e no engajamento de suas equipes. Como sua empresa pode dar o primeiro passo nessa jornada? Inovação e satisfação podem caminhar juntas – e o momento de começar é agora.
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